25 de julho de 2019
Tarsila do Amaral, Antropofagia, 1929, Acervo da Fundação José e Paulina Nemirovsky,
São Paulo. Obra em Comodato com a Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Foto: Nadiana S Teodoro

Desde do dia 05 de abril de 2019, com a exposição em cartaz “Tarsila Popular” o Museu de Arte de São Paulo – Masp, vem recebendo multidões atraídas pelas obras de uma das maiores pintoras brasileiras e também expoentes do Movimento Modernista no Brasil, Tarsila do Amaral.

Nos anos de 2017 e 2018 suas obras foram expostas em importantes museus como Chicago e Nova York nos EUA, agora de volta ao país de origem, São Paulo – Brasil como uma das mais amplas exposições já dedicada à artista reunindo aproximadamente em torno de 92 obras entre pinturas e desenhos, com a curadoria de Fernando Oliva e Adriano Pedrosa.

Tarsila do Amaral nasceu em Capivari – SP (1886-1973), vinda de uma família tradicional de fazendeiros de café no interior do Estado, desenvolveu seus estudos sobre pintura na maior parte em Paris, sendo aluna de mestres como, André Lhote (1985-1962), Albert Gleizes (1881-1953) e Fernand Léger (1881-1955), esse último exerceu grande influência em sua pintura. Suas obras são impregnadas pela geometrização, assim como traduziu o cubismo, reiventou múltiplas maneiras de representar o Brasil e sua cultura.

A partir desses estudos, vivências e o contato com as vanguardas européias como, o cubismo, incorporou essas referências mescladas juntamente com a cultura brasileira que lhe possibilitou criar uma arte singular, genuinamente brasileira, que ao mesmo tempo dialogava com a noção de antropofagia sugerida por Oswald de Andrade (1890-1954), do qual, intelectuais brasileiros deveriam canibalizar referências culturais européias somados as culturas locais (indígenas e afros) para depois digeri-las com o objetivo de criar algo único, híbrido.

A exposição reúne obras de diferentes fases da artista, foi projetada sob a perspectiva do “Popular”, conceito complexo mas, bastante explorado pela artista criando uma linguagem moderna própria. Tarsila plasmou muito bem as ideias e aspirações de seu tempo.

A cultura popular brasileira foi tema recorrente em suas obras, e esta é uma grande oportunidade para conferir, apreciar e refletir. Temas populares como, cenários tipicamente brasileiros, festas, paisagens interioranas e urbanas, favelas, o protagonismo de personagens indígenas, negros e mestiços, religiosidade, a fauna e a flora brasileira, lendas que são reminiscências de sua infância, animais fictícios e temas sensíveis relacionados a questões sociais e de trabalho e auto-retratos da pintora em diferentes momentos. Podemos ver também a riqueza das cores fortes que à artista tanto amava numa perfeita combinação, ela declara: “azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo e o verde cantante”.

Sobre o espaço expositivo – Foto site Masp

O sucesso da exposição valoriza e consagra Tarsila como uma das maiores pintoras do Brasil, assim ela aspirou um dia ao escrever à família:

Sinto-me cada vez mais brasileira: quero ser a pintora da minha terra. Como agradeço por ter passado na fazenda a minha infância toda. As reminiscências desse tempo vão se tornando preciosas para mim“.

A exposição dialoga com duas outras exposições simultâneas dedicadas a artistas que trabalham a noção do popular de diferentes ângulos: Lina Bo Bardi: Habitah que vai até 28 de julho e Djanira: a memória de seu povo, em cartaz até 19 de maio.

Tarsila Popular é organizada dentro do eixo temático proposto pelo Masp ao longo de 2019, esse ano será dedicado a artistas mulheres, sob o título de “Histórias das mulheres, histórias feministas”.

Muitíssimo recomendada, um presente para nós brasileiros a organização desta exposição. Infelizmente não irá viajar para outras cidades, então gente, corram para não perder esta oportunidade de visitar.

Recomendo que comprem os ingressos com antecedência pelo site do Masp (vou deixar logo abaixo), para evitar as longas filas para entrar. Próximo a bilheteria existem duas filas a maior para os que vão comprar ingressos na hora e a menor para os que se anteciparam. Melhor idade tem preferência para entrar, a fila também é pequena.

Mais um pouco do espaço expositivo – Foto Nadiana S Teodoro

Algumas observações, o espaço da exposição é pequeno e as vezes tumultua de gente, principalmente para tirar fotos com o quadro Abapuru, mesmo tendo a entrada controlada. O Masp não oferece visitas educativas na exposição, se quiser uma visita guiada precisará contratar um profissional, que pode ser um guia de turismo. Ao lado das obras tem textos explicativos, para quem quer conhecer mais se esbalda, agora para quem não tem paciência ou preguiça de ler passa longe. Os textos são longos o que acaba acumulando gente para ler. Fora esses detalhes que podem ser contornados,.

Vale demais a pena! Não percam! Não esqueçam de deixar o seu comentário abaixo para interagirmos.

Mais informações:

Museu de Arte de São Paulo – Assis Chateaubriand

Av. Paulista, 1578

Fone: 11 3149-5959

Site: https://masp.org.br/

Ingresos: Inteiro: 40,00 – Meia entrada: 20,00

Às terças a entrada é gratuita.

Fontes:

Arte no Brasil: uma história do modernismo na pinacoteca de São Paulo: guia de visitação/ curadoria Regina Teixeira de Barros; apresentação Ivo Mesquita e Fernando Mauro Barrueco; textos Giancarlo Hannud… [et. ali.]. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2013.

Site: https://masp.org.br/exposicoes

 

escrito por
Nadiana S Teodoro

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