21 de dezembro de 2023

Avenida Higienópolis. Foto de Guilherme Gaensly. Destaque para a Vila Penteado.

O bairro formou-se da especulação imobiliária composta por dois empresários alemães, Martinho Buchard e Victor Nothmann. A área foi adquirida e loteada para a formação de um bairro de classe A, exclusivamente residencial. Inicialmente o loteamento recebeu o nome de “Boulevards Burchard”.

Os sócios dotaram o bairro de todas as benfeitorias urbanas: água, esgoto, iluminação (a gás), arborização e linha de bonde. Tais melhoramentos eram implantados em certos bairros privilegiados, ficando grande parte da cidade à espera da iniciativa do município.

O nome Boulevard Burchard, entretanto, não vingou para o bairro. Em 1894, a própria Câmara Municipal adotava Higienópolis para especificar os arrabaldes.

Situado em ponto mais alto, nas encostas do espigão da avenida Paulista, o lugar era tido como dos mais agradáveis. O clima aprazível e o ar ameno das encostas haviam motivado a instalação de um hotel ou casa de repouso, denominada Sanatório ou Hotel Higienópolis, cujos os hóspedes costumavam passar uma temporada, onde se encontra hoje o colégio de Sion. Anteriormente, chegou a funcionar nesse mesmo lugar um setor do Desinfetório Municipal, montado para queimar o material utilizado pelos portadores de moléstias transmissíveis. Dadas as suas propriedades climáticas, o local recebeu o nome de “Higienópolis”, que quer dizer “cidade ou lugar de higiene”.

Colégio de Sion. Créditos de imagem: François Calil. Publicado na Revista Veja.

Dentre esses moradores, estavam as pessoas de maior projeção na São Paulo da época, prósperos comerciantes estrangeiros, profissionais liberais, fazendeiros, comissários de café e os primeiros grandes nomes da indústria, a dizer, na elite paulistana.

Em etapa posterior, aproximadamente entre as décadas de 1950 e 1980, a especulação imobiliária voltou-se para o bairro, usufruindo de sua tradição e dos espaços disponíveis. A imagem aristocrática que Higienópolis ostentou foi usada pelas construtoras como chamariz para suas vendas com a possibilidade de que maior número de pessoas poderia residir em um dos mais nobres pontos da cidade.

As facilidades proporcionadas pelos financiamentos a longo prazo atraíram mais do que nunca uma classe em ascensão econômica, desejosa de usufruir a qualidade de vida que o bairro proporcionava. Assinalamos a substituição dos moradores, graças à chegada de profissionais liberais técnicos, funcionários, diplomatas estrangeiros, comerciantes, industriais, judeus enriquecidos do Bom Retiro e etc. Houve um aumento das atividades comerciais e de serviços, bem como do número de arranha-céus.

A grande comunidade judaica no bairro é outro ponto marcante, chegaram por volta do ano de 1922, quando foi inaugurado o Ginásio Hebraico-brasileiro, e se multiplicou na década que antecedeu a Segunda Grande Guerra. Surgiu uma série de sinagogas e de escolas apropriadas à sua cultura.

Vista aérea do bairro. Fonte: https://commons.wikimedia.org/

 

Edifício Louveira – Arquiteto Vilanova Artigas. Crédito de Imagem: https://commons.wikimedia.org/

 

Consequentemente, devido à grande especulação imobiliária, sem qualquer critério, desapareceram sob as picaretas algumas obras arquitetônicas de valor inestimável. Milagrosamente, os palacetes exponenciais, a “Vila Maria” e a “Vila Penteado” sobreviveram mesmo que com alterações. Higienópolis foi eleito o bairro mais cosmopolita de São Paulo pela revista britânica de estilo Wallpaper.

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Bibliografia:

HOMEN, Maria Cecília Naclério. O Palacete Paulistano: e outras formas urbanas de morar da elite cafeeira:1867-1918. 2ª Edição – São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

HOMEN, Maria Cecília Naclério. Higienópolis: a grandeza de um bairro paulistano. 2ª Edição – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2011.

escrito por
Nadiana S Teodoro

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