O bairro formou-se da especulação imobiliária composta por dois empresários alemães, Martinho Buchard e Victor Nothmann. A área foi adquirida e loteada para a formação de um bairro de classe A, exclusivamente residencial. Inicialmente o loteamento recebeu o nome de “Boulevards Burchard”.
Os sócios dotaram o bairro de todas as benfeitorias urbanas: água, esgoto, iluminação (a gás), arborização e linha de bonde. Tais melhoramentos eram implantados em certos bairros privilegiados, ficando grande parte da cidade à espera da iniciativa do município.
O nome Boulevard Burchard, entretanto, não vingou para o bairro. Em 1894, a própria Câmara Municipal adotava Higienópolis para especificar os arrabaldes.
Situado em ponto mais alto, nas encostas do espigão da avenida Paulista, o lugar era tido como dos mais agradáveis. O clima aprazível e o ar ameno das encostas haviam motivado a instalação de um hotel ou casa de repouso, denominada Sanatório ou Hotel Higienópolis, cujos os hóspedes costumavam passar uma temporada, onde se encontra hoje o colégio de Sion. Anteriormente, chegou a funcionar nesse mesmo lugar um setor do Desinfetório Municipal, montado para queimar o material utilizado pelos portadores de moléstias transmissíveis. Dadas as suas propriedades climáticas, o local recebeu o nome de “Higienópolis”, que quer dizer “cidade ou lugar de higiene”.
Dentre esses moradores, estavam as pessoas de maior projeção na São Paulo da época, prósperos comerciantes estrangeiros, profissionais liberais, fazendeiros, comissários de café e os primeiros grandes nomes da indústria, a dizer, na elite paulistana.
Em etapa posterior, aproximadamente entre as décadas de 1950 e 1980, a especulação imobiliária voltou-se para o bairro, usufruindo de sua tradição e dos espaços disponíveis. A imagem aristocrática que Higienópolis ostentou foi usada pelas construtoras como chamariz para suas vendas com a possibilidade de que maior número de pessoas poderia residir em um dos mais nobres pontos da cidade.
As facilidades proporcionadas pelos financiamentos a longo prazo atraíram mais do que nunca uma classe em ascensão econômica, desejosa de usufruir a qualidade de vida que o bairro proporcionava. Assinalamos a substituição dos moradores, graças à chegada de profissionais liberais técnicos, funcionários, diplomatas estrangeiros, comerciantes, industriais, judeus enriquecidos do Bom Retiro e etc. Houve um aumento das atividades comerciais e de serviços, bem como do número de arranha-céus.
A grande comunidade judaica no bairro é outro ponto marcante, chegaram por volta do ano de 1922, quando foi inaugurado o Ginásio Hebraico-brasileiro, e se multiplicou na década que antecedeu a Segunda Grande Guerra. Surgiu uma série de sinagogas e de escolas apropriadas à sua cultura.
Consequentemente, devido à grande especulação imobiliária, sem qualquer critério, desapareceram sob as picaretas algumas obras arquitetônicas de valor inestimável. Milagrosamente, os palacetes exponenciais, a “Vila Maria” e a “Vila Penteado” sobreviveram mesmo que com alterações. Higienópolis foi eleito o bairro mais cosmopolita de São Paulo pela revista britânica de estilo Wallpaper.
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Bibliografia:
HOMEN, Maria Cecília Naclério. O Palacete Paulistano: e outras formas urbanas de morar da elite cafeeira:1867-1918. 2ª Edição – São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
HOMEN, Maria Cecília Naclério. Higienópolis: a grandeza de um bairro paulistano. 2ª Edição – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2011.